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ONDA PROGRESSISTA: Equador



No ano de 2008, chegava à presidência do Equador o economista Rafael Correa, que, defendendo um discurso antipartidarista e de cidadanização da política, teve como objetivo central a modernização do Estado equatoriano - processo político-social que o presidente e seu partido, o Alianza País, denominaram como “Revolução Cidadã”. Para alcançar essa meta, o governo Correa convocou uma Assembleia Constituinte para vincular alguns dos valores dos principais movimentos sociais do país na nova Constituição - como a plurinacionalidade, o Bem Viver e a democracia comunitária -, assim revelando o compromisso do Alianza País com os setores historicamente marginalizados do Equador. No entanto, o movimento real da autodeclarada Revolução Cidadã não tardou a revelar sua natureza conservadora ao tentar articular desenvolvimento econômico, ecologia e soberania.

A maior contradição das gestões do Alianza País foi entre os valores do Bem Viver e o modelo de acumulação capitalista adotado no país, cuja sustentação nas exportações de produtos primários levou a um aumento do extrativismo - centrado principalmente no agronegócio e na mineração - no Equador. A tensão entre esses dois polos fez com que o período da Revolução Cidadã apresentasse a maior conflituosidade social do país desde a redemocratização, sendo a revolta policial de 2010 contra a inclusão da categoria na nova Lei do Serviço Público um marco importante desta conjuntura, pois ela revelou o compromisso das classes dominantes equatorianas à modernização conservadora do Alianza País. Enquanto as grandes empresas do Equador ganhavam cada vez mais com a política econômica de Rafael Correa, as melhoras no mundo do trabalho estagnaram a partir da segunda metade da década passada, com os programas de transferência de renda e as remessas de dólares enviadas por equatorianos que emigraram servindo de pilares para o aumento do consumo apresentando durante este período. Essa última característica da Revolução Cidadã, em conjunto com o fortalecimento do papel interventor do Estado na economia, revelam a articulação entre elementos modernos e atrasados da sociedade equatoriana no processo de modernização do Alianza País, onde o desenvolvimento econômico foi alcançado às custas da reprimarização e da dolarização da economia e da cooptação e repressão de movimentos populares que contestavam as medidas dos governos.


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