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A internacionalização do Dia dos Povos Indígenas por Mairu Karajá

Atualizado: 28 de dez. de 2021

Por Mairu Karajá

Instituído em 23 de dezembro de 1994, através da resolução 49/214 da Organização das Nações Unidas, o dia 09 de agosto é reconhecido como o “Dia Internacional dos Povos Indígenas”. É uma data que lembra a existência dos mais de 5 mil povos no mundo, 350 milhões e que equivale a 5% da população mundial, segundo os dados da Organização. Enquanto isso, os povos indígenas do Brasil estão estimados em 800 mil, 304 etnias, 274 idiomas e ocupam 12,5% do território nacional, correspondendo a 0,47% da população (IBGE - 2010).

A internacionalização deste dia representa a importância de se respeitar, ver e ouvir os povos indígenas do mundo inteiro, seja sobre os aspectos culturais, tradicionais, políticos, direitos ou fazer saber, é que existimos em várias partes do mundo. No entanto, nos últimos anos, especialmente no Brasil, o que se tem observado com frequência é a tentativa desenfreada de alienar as políticas públicas voltadas para os povos indígenas, e ainda mais agravante são os ataques aos direitos constitucionais da população indígena.

Não se deve minimizar os ataques aos direitos dos povos indígenas, porque estes são graves, seja pela PEC-215, pelo PL-490 ou a tese do Marco Temporal e outros tantos que tramitam no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. No entanto, é fundamental afirmar que os povos indígenas estão cada vez mais conquistando espaços importantes e estratégicos, seja na política ou na academia, e isso faz com que a nossa voz, existência e vivência seja ouvida e respeitada.

É com este intuito que foi lançado o livro “Genocídio indígena e políticas integracionistas: demarcando a escrita no campo da memória”. Estes são passos fundamentais que constroem o direcionamento verdadeiro do que aconteceu, acontece e está acontecendo com as comunidades indígenas. Esse livro foi escrito por 6 pesquisadores e pesquisadoras indígenas e traz uma visão ampla e bem fundamentada sobre genocídio, direito e o conceito de integracionismo.

Então, é importante se fazer respeitar os direitos da população indígena e procurar ler autores e autoras indígenas para valorizar a produção científica dos indígenas. É essencial consolidar datas para que as pessoas compreendam que os povos indígenas estão presentes, mas é imprescindível que o respeito pelas pessoas indígenas não seja somente no dia 19 de abril, data que é conhecida como “o dia do índio”, no Brasil, e nesta data de 9 de agosto, mas sim em todo o tempo, ambientes e espaços.

Nós nos orgulhamos da identidade do nosso país, que apresenta uma imensa diversidade cultural e que é o rosto do nosso Brasil, da nossa terra e do nosso povo que tem origem indígena. Nos orgulhamos do sangue que corre nas nossas veias, e não nas mãos - como os agentes do Estado Nacional tem se orgulhado -. Como diz a Myrian Krexu, “a mãe do Brasil é indígena, Brasil, sua raiz vem daqui, do seu povo ancestral”.



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