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BBB e Relações Internacionais: Perspectivas do reality nas relações internacionais

Atualizado: 13 de abr. de 2021

Por Bianca Pereira, Marcos Sordi e Giovanna Souza


O Big Brother Brasil 21 foi ao ar no dia 25 de janeiro e muita coisa vem acontecendo desde então. Em uma semana de programa já foi possível observar como um jogo pode afetar os participantes das mais diferentes formas. E é justamente aí que podemos entender um pouco das relações internacionais atuais, já que determinados comportamentos e ações de participantes dentro do reality por vezes ocorrem também na “vida real” e no cenário internacional.

Tendo como ponto de partida o próprio Reality e usando da teoria Realista das Relações Internacionais, ambas as situações são jogos em que os atores/participantes precisam saber como se moldar em meio a diversas situações que acontecem todos os dias. O convívio e os comportamentos definem as estratégias de todos, tanto no sistema internacional quanto na “casa mais vigiada do Brasil”. Ademais, tal como na teoria construtivista, a conduta dos agentes políticos, bem como suas identidades e interesses, é socialmente moldada por suas interpretações acerca do mundo. Dessa forma, assim como os Estados, os participantes do reality constroem a realidade do sistema, seus posicionamentos e estratégias baseados em suas identidades, percepções e interesses.

Nesse contexto, os comportamentos são os termômetros dos jogos. As atitudes de governantes alteram relativamente acordos e tratados, sendo regionais ou até mesmo globais. Além disso, pode afetar relações diplomáticas com outros atores, podendo trazer aspectos positivos ou negativos. Isso não difere em nada com o BBB! Você já percebeu como isso acontece todos os dias no reality? Afinal, as relações — socialmente construídas — entre os atores estão em constante transformação. Basta uma palavra colocada de forma errada e um comportamento visto como inaceitável por um jogador dentro de suas crenças que as estratégias são feitas e sanções são pensadas pelos outros participantes. No caso do Big Brother Brasil podem ser a ida ao Paredão, o Poder de Veto do Líder e o Monstro. No sistema internacional, sanções são feitas quase da mesma forma, podendo ocorrer no âmbito econômico ou por meio de vetos para a participação em determinados acordos.

Além disso, assim como na sociedade internacional em que os agentes e as normas se influenciam reciprocamente, no programa também podemos observar que essas são um dos elementos principais na compreensão das relações entre os participantes. Considerando que tais normas forçam as escolhas e limitam os comportamentos dos brothers de acordo com seus interesses, existe também a possibilidade de transferência de poder, quando temos a decisão de quem é o Líder no reality e da ascensão de uma nova potência no sistema internacional, e também o empoderamento de parte do grupo, na divisão VIP e Xepa que pode fazer uma alusão às relações centro vs. periferia.

Ainda diante desse paralelo e usando outras perspectivas, é possível citar o Dilema dos Prisioneiros. Esse dilema se refere à traição e à cooperação entre duas pessoas, em que por exemplo: pessoa A e a pessoa B foram presas, mas sem provas concretas. Elas são colocadas em duas salas diferentes para serem interrogadas individualmente. A proposta é dada: se A confessar e B permanecer em silêncio, A é liberado e B é preso com uma pena máxima e vice-versa. Se os dois ficarem em silêncio, os dois recebem uma pena mínima. E por fim, se os dois confessarem, tanto A quanto B recebem uma pena considerada mediana. É importante dizer que os dois não tiveram contato e, portanto, não sabem das intenções enquanto interrogados. E o que isso quer dizer com BBB e com o sistema internacional?

A pergunta recai exatamente sobre o dilema da traição e da cooperação. Nas duas esferas aqui citadas, os participantes detêm essas escolhas, só que quase nada garante o mesmo dos outros participantes. A confiança nos dois âmbitos é crucial para as estratégias de jogo durante o passar do tempo.

O que seria melhor no BBB? Confiar no outro que você acabou de conhecer? E no mundo político internacional? Você trairia por medo de outro governante te trair também?


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