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A escalada de tensão entre Estados Unidos e Irã

Por Eduarda Martins


Uma das primeiras ações do presidente estadunidense, Joe Biden, após a sua posse, foi voltar às conversas sobre o acordo nuclear iraniano. Tal acordo era celebrado entre ambos os países além da França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia desde 2015 para o não desenvolvimento de armas nucleares no Irã.

Em 2018, o ex-presidente estadunidense Donald Trump tomou a decisão de deixar o acordo. Com isso, volta a impor sanções ao governo iraniano. Com a retomada das sanções dos EUA, o Irã volta atrás em alguns dos termos acordados para fazer pressão à aqueles Estados que ainda continuam no acordo para que o ajudem nas sanções impostas.

Outros países participantes do acordo tentam utilizar de recursos financeiros para impedir que o Irã continue com o descumprimento das normas estabelecidas.

As primeiras manobras de Joe Biden para retomar o acordo nuclear com o Irã se mostraram infrutíferas. Teerã, capital do Irã, deu uma resposta negativa à Washington sobre uma abertura para discutir a situação. Consideraram não ser um momento muito apropriado para tais tratativas.

Teerã considera que, para iniciarem as conversas, é necessário retirar parte das sanções, procurando resgatar um compromisso de disponibilidade dos EUA a permanecerem no acordo. Consideram também que possuem um limite de tempo, indicando que não terão conversas durante o período de eleições do país, que ocorrerão em junho.

A partir dessa análise sobre a situação atual entre Irã e Estados Unidos, podemos refletir sobre o assunto sob as lentes do Realismo e Liberalismo. Com a primeira teoria citada, a seguinte análise pode ser feita: Os realistas possuem uma maneira específica de ver o mundo, algo que se assemelha a um ambiente hostil, tendo os Estados controlando meios de violência. Isso pode ser visto no modo em que os Estados Unidos, liderados por Joe Biden, tratam inicialmente a questão com o Irã, mantendo as sanções que foram impostas aos iranianos durante a gestão anterior. Assim, há uma influência dos EUA sobre os outros signatários do acordo para que mantenham a sanção. Na visão do realismo, o Estado se importa com sua posição relativa de poder, e para o caso analisado os Estados Unidos não se flexionam ao que o Irã demanda para uma negociação.

Com o realismo, não há uma justificativa ou interesse em explicar os objetivos dos atores. Isso é visto na grande maioria das ações tomadas pelos EUA, incluindo a situação analisada.

Colocando em foco a segunda teoria citada, o liberalismo, temos uma outra visão da situação: Com ela, indivíduos e grupos se orientam por metas e aqui temos dois atores com metas distintas. O Irã está fazendo frente ao poder dos EUA, se impondo com o que irá aceitar para o acordo, e os EUA não querem se mostrar fraco ao aceitar as condições que os iranianos demandam para um início de conversa. Possuem o pensamento clássico de que não irão ceder nada ao outro, apenas manter a pressão que podem fazer. Os interesses podem ser os mesmos, como chegar ao final do acordo, mas a maneira que fazem isso diverge um do outro.

Tanto o realismo quanto o liberalismo se assemelham ao terem uma perspectiva de que priorizam as teorias racionais, as “homo economicus”. Os atores que seguem essa base são considerados como egoístas por se importarem mais com ganhos e perdas quando estão em qualquer situação.

Mesmo sendo teorias diferentes, elas convergem no ideal de que partem do pressuposto de possuírem atores racionais, que calculam sua autopreservação. Tanto Irã quanto EUA pensam na manutenção de seu status quo no sistema internacional a cada decisão.


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